Blefarite é o termo geral usado para descrever a inflamação das pálpebras. Na maioria dos casos, é um processo inflamatório crônico.
Esta inflamação pode afetar a parte anterior da margem palpebral, envolvendo a base dos cílios – chamada blefarite anterior – ou posterior, em que a principal causa é a disfunção das glândulas de Meibomius – em que ocorre o funcionamento inadequado das glândulas que se localizam nessa região. Essas glândulas são as responsáveis pela produção da camada de gordura (lipídica) da lágrima, e que faz com que ela não evapore rapidamente e mantenha, assim, melhor lubrificação.
A inflamação também pode envolver as partes anterior e posterior da pálpebra ao mesmo tempo e esse tipo de blefarite é classificada como mista.
As blefarites podem acometer pessoas de todas as idades, não são contagiosas e a causa exata ainda é desconhecida. Sabe-se que ocorre por um conjunto de fatores, como predisposição individual, alteração da flora bacteriana e condições inflamatórias da pele como seborréia, acne rosácea e dermatite atópica. Pessoas que apresentam quadros muito intensos devem ser investigadas quanto à associação com carências nutricionais, alterações hormonais e até mesmo a deficiência seletiva de imunoglobulinas. Reações alérgicas (por exemplo, a colírios ou maquiagem) podem estar relacionadas ao aparecimento da blefarite.
São tipos de blefarite anterior:
BLEFARITE SEBORREICA: A blefarite seborreica acontece quando as glândulas sebáceas estão inflamadas e/ou obstruídas. Pode ocorrer produção em excesso de crostas gordurosas nos cílios. A perda de cílios é comum, assim como a presença de hordéolos (terçol) e calázios. A associação com quadros de dermatite seborreica é muito frequente (95% dos casos).
BLEFARITE INFECCIOSA: Causada por bactérias, fungos ou vírus. Crostas na base dos cílios são comuns. Na blefarite bacteriana também é alta a chance de formação de hordéolos e calázios.
Entre os sintomas mais frequentes da blefarite, temos:
Os sintomas podem variar de leves a intensos, e cada tipo de blefarite pode apresentar sintomas específicos. É de extrema importância consultar um médico oftalmologista na presença de qualquer sintoma que possa indicar a inflamação palpebral.
O hordéolo e o calázio, muitas vezes, são consequências da blefarite que não é identificada e, por isso, não é tratada. O hordéolo (conhecido também como terçol) ocorre quando as glândulas palpebrais sofrem um processo infeccioso agudo pela invasão de bactérias presentes na pele local. O calázio, por sua vez, ocorre por uma retenção em forma de cisto após o quadro agudo e não apresenta mais os sinais inflamatórios, mas sim uma nodulação palpebral.
A blefarite também pode levar a complicações que atingem a córnea, como a ceratite ou até úlcera de córnea.
Apenas o médico oftalmologista pode diagnosticar a doença através de exames que investigarão o tipo de blefarite e se ela é aguda ou crônica.
Infelizmente, a blefarite ainda não tem cura, porém há maneiras de tratar a doença, controlar seus sintomas e preveni-la.
A higiene palpebral é fator essencial no tratamento da blefarite anterior, posterior ou mista. Compressas mornas (aquecimento local) facilitam a desobstrução dos ductos das glândulas e a remoção das crostas aderidas à margem palpebral.
A higiene das pálpebras e cílios deve ser realizada diariamente, de 2 a 3 vezes ao dia – com produto específico – orientado pelo oftalmologista.
O tratamento da blefarite também pode ser feito com antibióticos e corticoesteróides tópicos (colírios) ou sistêmicos, lubrificantes e até mesmo medicamentos moduladores de inflamação e suplementos nutricionais a serem receitados pelo médico oftalmologista que orientará sobre o diagnóstico preciso e melhor forma de tratamento. Em alguns casos refratários a tratamento, o uso da luz pulsada pode ser indicado.
Apesar de não ter cura, os diversos tipos de blefarite podem ser tratados para que seja preservada a integridade da superfície ocular e para que a visão não seja prejudicada.
Não faça o uso de medicações sistêmicas ou colírios sem a orientação médica.
Nunca faça o auto diagnóstico: procure sempre o auxílio de um médico oftalmologista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista_vejabem_08.pdf (cbo.net.br)
What Is Blepharitis? – American Academy of Ophthalmology (aao.org)