O ceratocone é uma doença que afeta especificamente a córnea, camada fina e transparente do olho e que, em condições normais, tem formato redondo e em forma de cúpula. Quando um olho é afetado pelo ceratocone, essa camada se deforma e torna-se mais fina e irregular, e desenvolve, progressivamente, o formato similar ao de um “cone” – por isso o nome “ceratocone”. Essa mudança no formato da córnea impede a projeção nítida de imagens e pode promover graus elevados de astigmatismo e miopia, o que causa visão embaçada e distorcida.
O ceratocone pode afetar um ou os dois olhos, sendo mais comum o acometimento bilateral (dos dois olhos) e pode acometer mais um olho que o outro.
Afeta, em média, uma a cada 2000 pessoas. Surge mais comumente na adolescência, entre os 13 e 18 anos de idade, com maiores chances de progressão até os 30-35 anos e, depois, tende a permanecer estável.
Conforme dados revisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o histórico familiar está presente em 6 a 8% dos casos, o que sugere que a doença tem origem genética / hereditária.
As características da córnea, como curvatura e espessura, estão relacionadas com a genética e isso vai determinar a resistência do tecido. Mas, é importante entender que a genética não é, necessariamente, o único fator.
Possivelmente alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos da estrutura corneana, como a diminuição no aporte de colágeno. Outros fatores também parecem estar ligados com a doença como:
– Coçar/esfregar ou pressionar os olhos excessivamente;
– Dormir sobre os olhos;
– Alergias oculares;
– Doenças Hereditárias do Tecido Conjuntivo como a Síndrome de Ehlers-Danlos e a Síndrome de Marfan;
Mais pesquisas precisam ser realizadas para determinar as possíveis causas da doença, porém, é consenso que o ceratocone é agravado pelo ato de coçar os olhos.
Em seu estágio inicial, o ceratocone pode não apresentar sintomas, e ser diagnosticado apenas com exames oftalmológicos complementares. Por ser uma doença que geralmente afeta os dois olhos, pode trazer sintomas diferentes em cada um deles.
Os principais sintomas são visão embaçada e/ou distorcida. Em geral, ocorrem miopia e astigmatismo, que aumentam e causam constantes mudanças no grau. Essas alterações podem ser o primeiro fator a indicar suspeita da doença.
O prurido ocular (coceira) é sintoma frequente, pois há grande associação com alergia ocular.
A queixa de maior sensibilidade à luz e ao brilho, assim como irritação ocular também podem estar presentes.
Consultas com o oftalmologista devem ser realizadas regularmente para reconhecer e diagnosticar a doença o mais precoce possível. Exames como topografia da córnea, mapa paquimétrico e tomografia do epitélio corneano são alguns dos exames que podem ser usados para diagnóstico e acompanhamento.
À partir do diagnóstico e da identificação da fase em que a doença se encontra, o oftalmologista consegue avaliar qual tratamento é o mais adequado para determinado momento, tratamento este que deve ser conduzido de forma individualizada.
Os óculos são a primeira opção de tratamento. As lentes de contato são indicadas quando os óculos já não proporcionam uma boa visão.
Além dos óculos e lentes de contato, existem outros procedimentos, tais como o crosslinking, o implante de anel intraestromal e até mesmo o transplante de córnea, indicados de acordo com cada caso.
O ceratocone raramente leva à cegueira, mas pode causar baixa visão reversível. Quando o tratamento é realizado na fase inicial, é alta a chance de reabilitação visual.
A orientação para não coçar os olhos e a intervenção em fases menos avançadas podem mudar o curso da doença e seu prognóstico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS