O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico que se caracteriza por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos.

No dia 02 de abril é celebrado o DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO. A doença atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo mundo e cerca de 2 milhões de brasileiros.  Por isso, hoje, trazemos alguns fatos importantes sobre as doenças oftalmológicas em portadores de TEA.

A visão é o sentido que ajuda a definir a forma dos objetos, pessoas, cores, contraste e limites espaciais. Entretanto, nos indivíduos com TEA, ela pode ser percebida de forma diferente.

 

 

 

O que se sabe sobre a percepção visual de pacientes autistas?

É consenso que indivíduos com TEA “veem” e interpretam o mundo de maneira diferente,  possivelmente devido ao processamento global.

O excesso de sensibilidade à luz e visão distorcida são alterações que podem ser observadas, assim como a perda dos recursos de linha e a tendência a enxergar as cores mais escuras do que realmente são. Em alguns casos, por apresentarem visão borrada central, os portadores de TEA preferem concentrar-se na visão periférica. A percepção de profundidade pode ser deficiente, o que dificulta movimentos como jogar e pegar objetos.

Os movimentos oculares podem ter padrões atípicos, o que provoca alterações nas noções de posição, profundidade e tamanho dos objetos.

Como o foco ocular pode ser disperso, muitos perdem a chance de entender expressões faciais e informações que são repassadas pelo olhar.

Estudos desde a década de 1990, apontam que os erros de refração (miopia, astigmatismo, hipermetropia) são os problemas oculares mais comuns e alguns sugerem que a prevalência seja maior na população pediátrica com TEA quando comparada com a população pediátrica com desenvolvimento típico. O acompanhamento e tratamento são particularmente desafiadores devido à hipersensibilidade tátil e resistência ao uso de óculos.

São também distúrbios oftalmológicos comuns em portadores de TEA:

Estrabismo: desvio de um dos olhos da direção correta, de modo que o indivíduo não consegue alinhar simultaneamente os eixos visuais para o mesmo ponto.

Ambliopia: diminuição da visão devido a um desenvolvimento visual anormal, sem que haja lesão orgânica perceptível do olho.

Nistagmo: movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular

Em um estudo publicado pela American Journal of Ophthalmology em janeiro de 2021, foi analisada uma base de  dados com informações de aproximadamente 11 milhões de crianças norte-americanas. Foi demonstrado que crianças com TEA apresentavam maiores taxas dos 5 diagnósticos oftalmológicos avaliados: ambliopia, estrabismo, nistagmo, neuropatia óptica e retinopatia da prematuridade, quando comparadas com crianças não portadoras de TEA.

Pesquisadores tentam traçar e entender a conexão entre o autismo e algumas doenças oftalmológicas, entretanto mais pesquisas são necessárias para que consigamos explicar com clareza essa relação.

Para concluir…

O desafio em indivíduos com TEA é identificar os problemas oculares precocemente e, dessa forma, propor o melhor tratamento oftalmológico, assim como cuidados psicológicos e educacionais adequados à crianças e famílias.

O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento precoce.

 

Referências Bibliográficas

AMERICAN Journal of Ophthalmology

AMERICAN Association for pediatric Ophthalmology and Strabismus